sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Sobre mim


  Sou um cara de muitas musas, muitos jeitos e muitas faces. Um amontoado de máscaras que escolho vestir dia após dia, ocasião por ocasião. Tantos "selfs" que eu me perdi de mim, não me reconheço frente ao espelho e não me sinto íntegro. Não me sinto até entender que essa minha fragmentação também sou eu. E cada pedaço urge para ser único e não para juntos serem únicos, cada pedaço de mim urge para ser reconhecido por mim, cada pedaço grita para ser ouvido ao menos uma vez. E dessa fragmentação tão louca, surge a criatividade como uma forma de dar ares a tantas vozes. Não sei como consigo manter a minha sanidade diante de tantos "selfs", que se apaixonam, choram, gritam, urgem, nascem e morrem.
  Como um espelho d'água que reflete o que passa sobre ele, mas distorce a imagem pela simples rebeldia de não querer ser a imagem e sim o eu...
  A linearidade confusa e quebrada demonstra apenas os meus pensamentos igualmente confusos, um turbilhão de pensamentos desconexos e me sinto como um pescador, tentando fisgar um pensamento iluminador...

Um comentário:

Delicatessen. disse...

Me lembrei de "Tabacaria", de Álvaro de Campos. Aqui está um trecho:

"Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?
Ser o que penso? Mas penso tanta coisa!
E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!
Gênio? Neste momento
Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu,
E a história não marcará, quem sabe?, nem um,
Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.
Não, não creio em mim.
Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!
Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?
Não, nem em mim..."