quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Fake Angel


  E quantas foram as vezes que eu quis largar essa minha alcunha? Algumas vezes por não me sentir na função de "anjo", outras por uma questão ideológica de que eu queria ser visto como "humano", outras porque perderá o sentido para mim...
  Mas ele me persegue, a toda hora, a todo momento. É a Soph que me chama assim e me lembra dele, são as pessoas que me chamam de anjo por ajudá-las, são as pessoas que elogiam a minha voz...E novamente eu percebo: Eu gosto de ter essa alcunha...
  Porém, o fardo que carrego é pesado. As vezes não os sustento e desmorono, mas é o prazer da função que me mantêm. É a confiança que as pessoas depositam em mim, as histórias que elas me contam, as lágrimas que derramam em meu ombro e por fim, a felicidade que ganham e o alívio é que me gratificam.

Bem vindo de novo, 
Fake Angel

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Som


  Por um descuido meu, esqueci de carregar o meu Ipod e saí na mesma caminhada de sempre sem meus fones de ouvido. Talvez fosse pelo sentimento de urgência que tinha em escrever, talvez fosse pelo olhar poeta que estava sensível hoje, fosse pelo que fosse, hoje o caminho foi diferente.
  E pela primeira vez vi o contraste entre o canto dos pássaros, escondido em meio aos sons mecânicos do motor dos carros, ouvi pessoas conversando sobre os mais diversos assuntos enquanto desviava dela, percebi olhares, reparei em casais e pela primeira vez, me senti humano naquele caminho. Percebo o quão mecânico é minha rotina e o quanto muitas vezes o meu corpo urge para que eu faça pequenas quebras nela, não me lembrava de certos comércios que existiam por ali e na volta pra casa reparei de novo no local que vendia coxinhas, aumentando ainda mais a minha fome.
  Uma pequena mudança, não só na rotina, não só nas ações, mas também em mim...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Sobre mim


  Sou um cara de muitas musas, muitos jeitos e muitas faces. Um amontoado de máscaras que escolho vestir dia após dia, ocasião por ocasião. Tantos "selfs" que eu me perdi de mim, não me reconheço frente ao espelho e não me sinto íntegro. Não me sinto até entender que essa minha fragmentação também sou eu. E cada pedaço urge para ser único e não para juntos serem únicos, cada pedaço de mim urge para ser reconhecido por mim, cada pedaço grita para ser ouvido ao menos uma vez. E dessa fragmentação tão louca, surge a criatividade como uma forma de dar ares a tantas vozes. Não sei como consigo manter a minha sanidade diante de tantos "selfs", que se apaixonam, choram, gritam, urgem, nascem e morrem.
  Como um espelho d'água que reflete o que passa sobre ele, mas distorce a imagem pela simples rebeldia de não querer ser a imagem e sim o eu...
  A linearidade confusa e quebrada demonstra apenas os meus pensamentos igualmente confusos, um turbilhão de pensamentos desconexos e me sinto como um pescador, tentando fisgar um pensamento iluminador...

sábado, 8 de setembro de 2012

No title

E são em dias assim que me pergunte: Para quem chorar? Ou então: Em quem me apoiar?
E descubro que talvez eu seja mais frio do que penso e que o inverno já tomou o meu coração, a solidão casou comigo e minha bússola perdeu o seu norte. E são em dias assim, em que me sinto fraco e impotente que me falta alguém ou que me falta eu em mim mesmo.
São em dias assim que tanto penso, de modo cíclico, sem saber onde comecei e nem onde vou terminar, numa espécie de tortura que parece-me eterna, mas que entrei por contra própria.
Registro aqui a minha dor e recolho o meu calor, das palavras que sempre estão comigo mesmo depois de eu tê-las abandonadas e que me mostram que a solidão não é assim tão ruim.

Encontros e desencontros



  Não estava em meus planos conhecer pessoas novas, também não estavam neles reconhecer velhos amigos. Não estava em meus planos ir a lugares diferentes, muito menos me perder em ruas conhecidas. Não estava em meus planos me conhecer, nem me perder de mim mesmo.
  Tudo isso não estava em meus planos, esses momentos, esses lugares, essas ocasiões...e é por isso que agradeço ao acaso, por me mudar, por me dar novos ares, novas perspectivas. Estou feliz com o acaso que foram todos esses dias, feliz por ter vivido tantas coisas diferentes, com as mesmas pessoas, com pessoas diferentes nos mesmos lugares. Cada experiência é única e mesmo tentando descrevê-las, fica em mim a memória do que o acaso me deu.

domingo, 2 de setembro de 2012

A história de cada lugar

Vale a pena a legenda, a imagem se chama Vestígio - Ruínas poéticas


  Uma manhã de domingo que não me prometia nada. Saí de carro para treinar, tomei café, comprei pão e resolvi comprar um frango assado para o almoço, numa pequena lojinha frente a igreja. Cheguei as 9 da manhã, mas o frango só saia as 10. Fui a banca, enrolei e não se tinham passado 10 minutos e quando voltei, talvez meu olhar de perdido fez a dona da loja conversar comigo e com a minha mãe. E a agradeço por essa conversa.
  Aprendi muito sobre culinária japonesa, o que foi deveras interessante, mais ainda foi descobrir sobre aquele lugar. Um lugar bem pequeno, que vende produtos japoneses, frango assado aos fins de semana, frios e algumas coisas congeladas, como a dona da loja me disse "minhas filhas acham esse lugar horrível". Mas o que me chamou atenção foi o orgulho dela nessa loja, mais ainda as histórias que ela me contou sobre ela.
  A loja tem 13 anos, no começo ela tentou fazer uma loja de produtos naturais, o que não deu certo e a fez investir em variedades (por isso há tantas coisas na lojinha). No fim, acabou dando certo, mas pensando nas pessoas com restrições, há coisas feitas a mão sem glúten, sem glicose e tantas coisas mais. Parece uma historinha simples e até é, mas me lembro bem do que ela me disse:
  "Estou numa idade em que quero acreditar em princípios. É, pretendo trabalhar com produtos naturais de novo, frango sem hormônios essas coisas. Tem pessoas com muitas restrições e estou tentando atendê-las, ainda vendo bolachas essas coisas, mas também é para as crianças que tem pouco dinheiro né? Mas vou atrás dos meus princípios. Isso aqui ta mais para uma Ong, aquela menina que trabalha aqui, ela vinha quando tinha 6 anos porque não queria ficar sozinha em casa e hoje (com 18) trabalha aqui comigo."
  Algo que não ouço a tempos e realmente me marcou. Alguém que corre atrás dos princípios e pouco a pouco fui começando a entender mais daquele pequeno lugar, que era tão significativo a ela. Agradeço-a pela conversa e pela simpatia. Hoje aprendi mais do que truques para cozinhar, tive uma lição de vida sobre princípios e humildade.